A história das caricaturas
Provavelmente você já deve ter visto alguma caricatura engraçada de um ator ou atriz famosos ou de algum jogador de futebol.
Mas o que muitas pessoas não sabem é que as caricaturas sempre foram uma forma antiga de entreter o público e ao longo da história um grande estandarte para críticas sociais.
A palavra ‘caricatura’ vem do italiano "caricare", que significa carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção. Por isso é muito comum vermos nessa arte pessoas retratadas com traços ‘caricatos’, exagerados, como por exemplo, uma cabeça enorme ou uma boca muito carnuda.
Usando essa forma bem humorada para retratar personalidades, os artistas ilustram cenas que satirizam políticos ou fazem alguma crítica à sociedade.

Por volta de 1590 um italiano chamado Annibale Carracci (1560-1609) e seu irmão Agostino usaram as palavras “Carico” ou “Caricare” que querem dizer “carregar” ou “exagerar” para descrever alguns esboços de retratos bastante exagerados que eles criaram.
Nesse mesmo período, um outro caricaturista italiano autêntico foi o artista Giuseppe Arcimboldo (1526-1593), ganhou fama em Praga, pintando uma série de retratos burlescos de imperadores e reis, usando pinturas com formas de vegetais, potes, panelas e ferramentas de trabalhadores.

Peter Bruegel (1525-1569), o velho, pintor belga famoso por suas belas pinturas camponesas e na neve, também foi um grande caricaturista.

O grande escultor Lorenzo Bernini (1598-1680), também desenhava de maneira simples e rápida os amigos e o clero.

Já na Itália do Sec XVIII, o pintor rococó Pier Leone Ghezzi (1674-1755), viveu de forma confortável fazendo caricaturas dos turistas que visitavam a Itália.

As caricaturas já estavam impregnadas em todos os meios artísticos e o pintor e gravador William Hogarth (1697-1764) as adaptou em suas pinturas.

Na década de 1820, a revista britânica Punch foi lançada e se tornou rapidamente a revista satírica mais popular no país. John Leech foi um dos seus ilustradores mais famosos.
Ao mesmo tempo lá pelas terras napoleônicas, na França, o gênero foi dominado por Honore Daumier (1808-1879), que ficou famoso por suas ilustrações provocativas no periódico anti-monarquista
La Caricature. Isso o levou à cadeia por 6 meses após criticar o rei Luis Felipe.


A caricatura esteve muito em evidência na virada do século 20, enquanto a televisão ainda não havia surgido. Elas eram o meio usado para difamar a imagem dos líderes militares mundiais presentes nas conferências internacionais que ocorriam constantemente.
Há uma caricatura muito famosa criada em 1919 pelo australiano Will Dyson (1880-1938), no fim da Primeira Guerra Mundial. Ela mostrava os líderes das nações vitoriosas saindo de uma sala, após concluído o Tratado de Versailles a seu favor. Mas uma criança choramingando no canto.

E NO BRASIL, COMO ERAM AS CARICATURAS?
A primeira caricatura publicada no Brasil foi uma charge política de autoria de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), em 1836, durante o período regencial, sendo lembrado como o pioneiro da caricatura brasileira.
Em 1837, Manuel de Araújo publicou uma caricatura no Jornal do Comércio, que seria uma sátira destinada ao seu inimigo Justiniano José da Rocha. No século XIX estiveram em atividade no Brasil grandes artistas, como Angelo Agostini, Rafael Bordalo Pinheiro e Cândido Aragonez de Faria, dinamizando um grande mercado, formando escolas e propiciando o aparecimento de uma quantidade de jornais e revistas ilustradas.
Os grandes artistas expoentes da caricatura brasileira foram sem dúvida alguma J. Carlos , Belmonde, Calixto Cordeiro (K.Lixto), Raul Pederneiras (Raul).

J.Carlos
José Carlos de Brito e Cunha
(J. Carlos) (1884-1950) foi o mais proeminente de todos. Ilustrou com charges e caricaturas o Brasil do início do Séc XX da primeira República até 1950 ano de sua morte. Foi um crítico voraz ao governo de Getúlio Vargas e suas caricaturas desse presidente são de uma genialidade, humor e crítica contundentes.


Belmonte
Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947) ou simplesmente "Belmonte". Enquanto J. Carlos era carioca, Belmonte era paulistano e de lá pôde através de sua arte, criticar não só o governo brasileiro, mas principalmente os horrores da Segunda Guerra Mundial, mais especificamente Hitler. Em janeiro de 1945, às vésperas da rendição alemã, Joseph Goebbels, em uma das derradeiras transmissões pela Rádio de Berlim, veio atacar o conteúdo do livro de charges brasileiras:
"Certamente o artista foi pago pelos aliados ingleses e norte-americanos".
Mendez
Nesse mesmo período vamos também pereceber os traços inconfudivel de Mário de Oliveira Mendes (1890-1978), assinando MENDEZ, que criou caricaturas maestrais de Getúlio Vargas, Di Cavalcanti, Jorge Amado e Procópio Ferreira.

A arte das caricaturas impregnou o mundo de humor e de consciência política.
No Brasil moderno se destacam nomes como Lan, Chico Caruso, Paulo Caruso entre outros.
